Dica de Leitura - “Família e Políticas Sociais”

A Revista SER Social, do Programa de Pós-Graduação em Política Social,  que dedica seu novo número ao tema “Família e Políticas Sociais”, traz um conjunto de artigos que debatem as atribuições dadas à família pelas políticas sociais e as "implicações desse reordenamento".

Dica de Leitura - " Gênero, sexualidade e saúde: diálogos latino-americanos"

A coletâne "Gênero, sexualidade e saúde: diálogos latino-americanos", organizada por Camilo Braz e Carlos Eduardo Henning, que re[une pesquisadores/as de diversas instituições, em português e espanhol, foi publicada pela Editora Imprensa Universitária, da UFG, com apoio da CAPES. Mais um título da Coleção Diferenças, do PPGAS/UFG, o livro, está disponível em formato e-book.


Por Élly, Por Nós e Pelas Outras


Por  Élly,  Por Nós  e Pelas Outras
Por Élly, Por Nós e Pelas Outras
Uma tragédia ceifou a vida de mais uma de nós - mulheres da Universidade de Brasília nesse dia 04 de junho de 2018. Élly partiu para desacompanhar-se da dor de sua existência. Que ela tenha encontrado descanso e paz . E que sua família, sua irmã querida e amigues de todas as cores que cativou em sua breve passagem por esse pedaço de existência chamado vida possam ter conforto para seguir, amando as coisas que ela amava e lutando juntas.
É muito triste, nesse momento, ter que dizer que a partida trágica da Élly não foi a primeira, e certamente não será a última, caso a administração universitária não se sensibilize e implemente políticas mais efetivas de combate à violência e às situações de vulnerabilidades emocionais e psíquicas vivenciadas pelas estudantes, agravadas em contextos de desesperança como estes que estamos vivendo. Importante falar que essa é uma questão que está para além da Universidade, mas que a mesma parece agravar a situação.
É preciso reconhecer a existência de uma severa crise e corte de verbas, de falta de amparo e acolhimento, de exigências acadêmicas que ultrapassam a capacidade humana, entre outros fatores de risco à saúde de estudantes. A Instituição e o suas esferas lidam com a questão de uma forma mecânica. É preciso considerar a humanidade. E mais, é necessário agir para desconstruir o tabu em torno da questão do suicídio e da saúde mental de uma forma geral. Precisamos ouvir, primeiramente, para depois atuar.
Pensamos que é hora da Universidade, nos seus conselhos superiores e demais instâncias, assumir propositivamente uma política de combate a todas as expressividades de violências – de gênero, raciais, sexuais, regionais, socioeconômicas, religiosas, entre outras -, que se fazem presentes junto aos três segmentos femininos que a constituem.
É hora também de se indignar com os acontecimentos cotidianos trágicos e irreversíveis, que têm atingido majoritariamente as mulheres na sanha da misoginia, e que estimulam as desigualdades, as relações de poder e os conservadorismos.
Para nós, mulheres da UnB, a morte de Louise - vítima de feminicídio em 2016, desvelou as opressões cotidianas ocorridas nas salas de aula, laboratórios, secretarias, corredores e outros espaços de convivência universitário. Esta realidade tem custado a vida de muitas de nós, tem nos humilhado, nos desvalorizado, nos adoecido; e traz, para algumas de nós, consequências que levam a querer desistir de viver e de lutar. Hoje choramos a partida de Élly, choramos ainda a partida de Louise. Quantas ainda perderemos para que medidas sejam tomadas? A violência sexista, lesbofóbica, racista e classista pauta cada vez mais nosso cotidiano universitário. E a mais triste observação é a de
que, em décadas passadas, a violência parecia vir de fora do campus. Hoje ela está entre nós, na nossa sociabilidade diária, visível e sem vergonha de se manifestar.
Pesquisas e estudos sobre os riscos e os custos (materiais e emocionais) das expressividades de violência, como as que vem sendo realizadas pelo NEPeM - Núcleo de Estudos e de Pesquisa sobre a Mulher/CEAM/UnB nas última décadas, têm sistematicamente alertado sobre esta situação, mas esses ‘alertas’ têm encontrado ouvidos mocos. Recentemente, foram criados na UnB, por iniciativa de professoras e estudantes, dois grupos de trabalho – o Coletivo AFETADAS e Grupo FEMIVIDA.
Nestes espaços, as próprias estudantes (muitas das quais eram companheiras de Élly) têm reivindicado e realizado pesquisas empíricas para subsidiar suas demandas, uma vez que as denúncias que faziam nem sempre eram credíveis.
Élly, amiga, companheira, colega, estudante, filha, presente! Que sejas melhor acolhida para onde vás, que encontres a paz e a alegria que esta breve existência não te possibilitou! Nenhuma a menos! Basta! ÉLLY PRESENTE!
Coletivo Afetadas/UnB
Grupo Femivida/UnB
Laboratório Genposs/SER/UnB

NEPeM/CEAM/UnB