Diálogos GENPOSS bell hooks

 

Gloria Jean Watkins (1951-2021) foi uma feminista estadunidense. No início de sua trajetória acadêmica, em homenagem à avó, passou a se identificar por meio do pseudônimo bell hooks, sendo a grafia em letra minúscula adotada como uma forma de reiterar a sua posição de colocar em segundo plano os academicismos e trazer para o centro o conteúdo de suas discussões. Analisava  questões referentes a gênero, raça e classe na pedagogia, na história da sexualidade, no feminismo e na cultura. Suas discussões traziam à tona as desigualdades e violências naturalizadas nas relações de trabalho,  na política e na Universidade. A acessibilidade de sua obra se torna mais evidente  nas análises envolvendo o cotidiano, os filmes, as letras de música e as relações afetivas.

Na obra “O feminismo é para todo mundo”, discutida pelo GENPOSS na sexta-feira dia 11/03, a autora desenvolve uma perspectiva de feminismo como um movimento que se fundamenta no amor e na justiça, sendo benéfico a todos. hooks traz um conjunto de possibilidades que contribuem  para o desenvolvimento de um feminismo que rompa com o conservadorismo no âmbito dos direitos sexuais e reprodutivos, que tenha como fundamentação a luta antirracista e anticlassista e o enfrentamento à violência patriarcal. A autora, sem se desvencilhar de toda a fundamentação teórica que envolve o estudo do feminismo, destrincha o real propósito do movimento sem jargões acadêmicos e, ao mesmo tempo, sem reducionismos. O propósito do feminismo seria o fim do sexismo, da dominação, do patriarcado. O feminismo se fundamenta na garantia de direitos.

bell hooks faleceu em 15 de dezembro de 2021, tendo deixado como legado mais de 30 livros, dentre o quais se destacam “E eu não sou uma mulher?”, “Tudo sobre o amor” e “O feminismo é para todo mundo”. Sob um contexto de crise do modo de produção capitalista em que as violações de direitos se intensificam e, consequentemente, o sofrimento advindo dessas violações, ressaltamos a importância do afeto no contexto de luta e citamos um trecho  de uma entrevista dada pela autora a uma ex-aluna: 

I’m really interested, more and more, in how we can link theorizing to a concern with healing. I would much rather people be able to grow emotionally, be more able to cope with pain by reading feminis theory than by taking Prozac.

(hooks; MCKINNON, 1996, p. 827).


Referências

hooks, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

hooks, bell; MCKINNON, Tanya. Sisterhood: beyond public and private. Signs, vol. 21, n. 4, pp. 814-829.


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